18/09/2009

As visitas do Coronel Ruberto Porto.

Ilustre e conceituado coronel da região, assim como outros homens importantes da política faziam parte do círculo de amizades de meu avô. E todos os Domingos era convidado cativo para o almoço na casa da fazenda ,morada de meus avós.Eu não me recordo dessa época pois ainda nem nascida era. Mas minha mãe conta que ele chegava em um elegante e bem arriado cavalo. Apeava do mesmo e o amarrava sobre a sombra do gigantesco pé de Oiticica. A conversa naturalemnte se desnrrolava calorosa na sala de visitas sobre política e sobre negócios, enquanto na cozinha a todo vapor minha avó se esmerava no almoço. Não, desta vez as galinhas ciscavam no terreiro tranquilas. Se era uma visita que as deixavam tranquilas, era a do coronel . Por saber que seu prato favorito era peixe. Para ser mais precisa Cavala.E meu avó partilhava do privilégio de compra-las fresquinhas na beira da praia. As melhores eram guardadas para ele. Conta minha mãe que o arroz até doia na vista de tão branco; e pontinhos verdes se destacavam de forma harmoniosa . Era cheiro verde picado miudinho . O aroma da cavala "amoquenhada*" (de véspera) invadia toda a aréa da cozinha e alpendres adjacentes... Numa panela separado estava já o leite de coco puro espremido da própria fruta com as mãos, esperava o momento ideal de mergulhar as postas de cavala ,para dar uma fervura rápida.Nada mais que cinco minutos. Farofa de leite de coco, arroz branquinho com cheiro verde, salada fresca da horta, naturalmente, pirão de farinha de mandioca em forma de monte; regado com leite grosso de coco; a cavala disposta em uma travessa estilo vitoriana fechava o cardápio. nem preciso dizer que toda a louça era estilo vitoriana. Minha mãe conta que somente depois de toda a mesa posta e revisada por minha avó é que o convidado era chamado a mesa.Dava gosto de olhar!. E o almoço transcorria tranqüilo e amigável.Na cozinha o reboliço era total!As vezes ele trazia seu filho para almoçar também. Rapaz bonito e garboso. Bom partido! As moças da casa ficavam alvoroçadas...mas sabe como é...naquela época mulher não descutia política, nem muito menos as moças solteiras, participavam de conversas de homens... Fico pensando...bem que eu podia ter nascido nesta época.Ia adorar apreciar a louça, o estilo de vida de meus avós. Amoquenhar: ato de assar por pouco tempo o peixe. Na época de meus ávos fazia da seguinte forma;retirava uma palha de carnaubeira, retirava o talo cortava em pedaços médios e os dispunha sobre brasas bem quentes.E colocava o peixe para assar por cima dos talos,por pouco tempo. Assim procedia-se por não haver como conservar em geladeira.

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